Encontro com Ramana

Quando eu estava com 24 anos, algo aconteceu: houve o aparecimento da Presença do meu Mestre, meu Guru. Isso produziu dinamismo para eu explorar mais profundamente o que havia de errado, o que estava faltando aqui.

"Não há limitações
para o Guru"

"Não há limitações para o Guru"

Certa vez, indagado por seus discípulos sobre o que seria deles a partir do momento em que Sri Bhagavan Ramana Maharshi partisse (ele estava com câncer avançado naquela época), este respondeu prontamente: “Para onde mais eu poderia ir?” Outra vez, questionado por um discípulo sobre o que seria dele caso perdesse a chance da Liberação, mesmo estando diante do Mestre vivo, e se, devido a isso, ele poderia parar no inferno, Ramana lhe respondeu que iria até o inferno para resgatar um discípulo, que, de coração, estivesse em aliança com ele.
Sri Ramana Maharshi, homem Sábio e Santo, considerado, por muitos, o Mestre dos Mestres da Índia, sempre afirmava, não com base em estudos ou conjecturas, mas a partir da sua própria vivência direta da Verdade, que o Guru não é o corpo. Assim sendo, não há limitações para o Guru, pois ele trabalha fora da forma e pode atingir discípulos, homens, cujo coração esteja ardendo em devoção pela Verdade, pela Liberdade, não importando o tempo, lugar ou espaço onde eles apareçam.
Atestando este fato, Ramana apareceu para muitos que se encontravam à distância durante a sua vida na forma, o que ocorreu também após o desaparecimento da forma. Muitos, após a morte de Ramana, relatam a incrível Presença e aura de beatitude, de silêncio, que emanam, até hoje, do Ramanashram, o Ashram de Ramana, em Tiruvannamalai, no sul da Índia.
Um Sábio americano de nome Robert Adams, quando criança, vivenciou um curioso fenômeno em sua primeira infância. Em seu berço, quando ia dormir à noite ou acordava pela manhã, aparecia-lhe um homem, em um pequeno formato, parecendo um pigmeu, o qual falava em uma língua estranha. Ele achou aquilo muito curioso, mas acreditou que pudesse ser algo muito comum; que, muito provavelmente, todas as crianças também enxergassem um pigmeu em seus berços. Muitos anos depois, já adulto, ele se deparou, pela primeira vez, com a foto de Ramana Maharshi, e, naquele instante, reconheceu “o pigmeu” da sua infância naquele homem, que era o Homem Santo, realizado, de Arunachala. A Presença da Graça de Ramana fora da forma, na vida de Robert Adams, o conduziu à Liberação.
Papaji, outro Sábio indiano, realizou a Verdade através da Graça de Sri Ramana Maharshi. Na sua primeira aparição para Papaji, contatou-o estando fora da forma, fora do corpo. Papaji relata que, certo dia, um Sadhu (renunciante) lhe pediu comida à porta de sua casa, e ele o serviu. Durante o contato que tiveram, este Sadhu recomendou que ele fosse até o Sábio de Arunachala, Ramana Maharshi. Quando ele teve a oportunidade de ir até a cidade de Tiruvannamalai, para o Ashram de Ramana, ao ver o Mestre, reconheceu nele o Sadhu que havia lhe pedido comida. Porém, alguém próximo dele o esclareceu do fato de que Ramana havia chegado à cidade com 17 anos de idade, e que há mais de 40 anos ele ali vivia, aos pés da montanha de Arunachala, sem nunca ter deixado a cidade em todos esses anos.
Muitos são os relatos de que Ramana, tanto durante o período em que apareceu em uma forma quanto após o desaparecimento desta, tocou o coração daqueles que eram vulneráveis para receber a Verdade. E assim foi também para o Mestre Gualberto.
Sobre o assunto, Mestre Gualberto uma vez disse:
Você vê a foto aqui atrás [o Mestre aponta para o quadro de Ramana Maharshi]?
Eu queria encontrar Cristo e Ele veio, na forma do meu Mestre, falar comigo sobre Deus. Quando eu era criança, disseram-me que Cristo estava no céu, ao lado direito de Deus, assentado num trono muito grande e que, se eu falasse com Ele, conseguiria uma vida de felicidade, sem conflito, sem sofrimento, sem problema. Assim, fui falando com Ele, cresci falando com Ele, e, quando tinha vinte e quatro anos, Ele me ouviu e apareceu para mim na forma do meu Mestre.
Lembro que, naquela época, havia um conflito interno entre a imagem que eu tinha de Jesus, como me ensinaram na igreja, e o meu Mestre, que falava ao meu coração, que tinha olhos que me tocavam profundamente. Porém, foi uma questão de clareza interna acontecendo, porque, se eu estava orando a Deus, não poderia ser o diabo que estava aparecendo para mim; se o meu desejo de infância – e cresci nesse desejo – era parar de viver pecando, fazendo coisas erradas, sentindo dor e produzindo dor à minha volta, não era possível que essas orações estavam, agora, sendo respondidas pelo diabo.
Outra coisa: quando o meu Mestre apareceu, os seus olhos tinham um brilho e o seu Silêncio tinha uma voz. Era um Silêncio, mas com uma voz… Era como uma música, trazendo algo para mim que nada nesse mundo poderia trazer, então, não poderia ser do diabo, não poderia vir do mal, só poderia ser uma resposta divina para mim.
Quando Ele me encontrou, eu fiquei mais leve, e não mais pesado. Fiquei tão leve que, a princípio, não precisava mais ficar lendo tanto a Bíblia, porque a “Coisa” já estava vindo para mim, de dentro de mim. Quando eu olhava para Ele, a certeza estava lá! E sabe qual era essa certeza? “Ele me ama! Ele me compreende! Ele me aceita! Quando eu estou com Ele, tudo fica diferente”. Como um de vocês escreveu agora, aqui: “Que mágica é essa, na sua Presença, que faz com que tenhamos vontade de rir dos nossos problemas?”